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Bolsa de Nova York dispara nesta 3ª feira, registra máximas de 20 meses, e fecha pregão com alta de 600 pts

por Notícias Agrícolas:

O dia foi de boas altas para as cotações futuras do café arábica na Bolsa de Nova York (ICE Futures US). Diante da possibilidade de desabastecimento no mercado no próximo ano, com o Brasil reduzindo suas exportações para atender a demanda interna devido à perspectiva de safra baixa em 2017, os preços externos da variedade fecharam o pregão desta terça-feira (25) com valorização próxima de 600 pontos e atingiram durante a sessão máximas de 20 meses. Compras especulativas por parte dos fundos e o câmbio também contribuíram para o avanço dos preços externos.

Com essa terceira alta consecutiva no mercado, os principais lotes de arábica na ICE já estão próximos de US$ 1,70 por libra-peso, os mais distantes já estão até acima desse patamar. O vencimento dezembro/16 fechou a sessão de hoje cotado a 164,50 cents/lb com 660 pontos de alta, o março/17 registrou 167,90 cents/lb com avanço de 650 pontos. Já o contrato maio/17 anotou no pregão 170,00 cents/lb com 635 pontos positivos e o julho/17, mais distante, subiu 325 pontos, cotado a 171,80 cents/lb.

As perspectivas de safra baixa no Brasil em 2017, maior produtor e exportador da commodity no mundo, estão mexendo com o mercado já há alguns dias. No entanto, a percepção dos operadores ficou ainda mais pessimista com as indicações de que o país possa chegar a ter que reduzir suas exportações para atender a demanda interna. As informações partem de agências internacionais. O café arábica tem sido usado pelas torrefadoras brasileiras como substitutivo do robusta, que testou no dia os níveis mais altos em dois anos em Londres.

De acordo com o analista de mercado do Escritório Carvalhaes, Eduardo Carvalhaes, os operadores no terminal externo só estão repercutindo agora uma questão que já vinha sendo levantada pelos envolvidos de mercado brasileiros há alguns meses. “Tivemos uma entrada de safra um pouco diferente do que todos esperavam. Por conta daquelas chuvas do final de maio e início de junho, que derrubaram muito café no chão, o produto entrou no mercado mais devagar do que se esperava e a safra de conilon frustrou muito acima do que o comprador imaginava”, diz o analista em referência a colheita da safra comercial 2016/17, que acabou há poucos dias.

Carvalhaes não aposta em uma baixa no mercado de café no curto prazo, apesar de ser difícil enxergar a situação dos preços nos próximos meses. “O mundo precisa de café e o consumo interno brasileiro continua crescendo. Apesar da crise, o brasileiro consome café em qualquer condição”, destaca.

O mercado externo, neste momento, está bastante atento às condições climáticas no cinturão produtivo do Brasil, pois elas serão decisivas para a próxima safra, que já promete ser de bienalidade baixa para a maioria das áreas produtoras. Essas lavouras estão em plena florada e condições climáticas adversas neste momento podem prejudicar a produção no próximo ano e desequilibrar ainda mais o abastecimento mundial. “Há enormes preocupações com o abastecimento no Brasil para 2017”, disse Shweta Upadhyay, analista da Global Coffee Monitor, em recente entrevista ao site internacional Agrimoney.

De acordo com mapas climáticos, durante a semana podem ocorrer pancadas de chuvas em diversas áreas do cinturão produtivo do Brasil com acumulados entre 70 e 100 milímetros no Sul e Leste de Minas Gerais. Em São Paulo, também devem ocorrer pancadas de chuvas ao longo da semana com precipitações entre 50 e 70 milímetros.

Durante o 42º Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras, em Serra Negra (SP), o presidente da Fundação Procafé, José Edgard Pinto Paiva revelou as projeções baixistas da entidade para a próxima safra do país. “Na média, teríamos no próximo ano uma produção de 39 milhões de sacas entre arábica e robusta, isso representa uma queda de 20% em relação a 2016. Esses números não são finais, porque ainda são necessários levantamentos de campo, mas refletem a realidade do mercado”, explica.

“Ainda não sabemos como abastecer o mercado interno e cumprir com as exportações, mas tudo indica que o cenário é mais positivo do que negativo”, pondera Eduardo Carvalhaes. Além desse pessimismo com a produção do Brasil, segundo Carvalhaes, a situação econômica do país também contribui para as perdas nas cotações do arábica. “Com a queda do dólar, como o mercado é comprador aqui dentro, baixaram as ofertas e isso motiva a alta externa para chegar num patamar que interesse novamente aos produtores venderem café”.

O dólar comercial encerrou a sessão desta terça-feira com recuou 0,46%, cotado a R$ 3,1065 na venda. Menor patamar desde 2 de julho de 2015. A moeda estrangeira mais baixa que o real tende a dar maior competitividade às exportações da commodity brasileira.

Levando em conta análises gráficas, o analista João Santaella, acredita que com a alta expressiva das cotações do arábica nesta terça-feira  ao longo de todo o mês de outubro o cenário é positivo para o mercado. “Acredito que os preços se mantendo acima de 150,00 e 160,00 cents/lb tem tudo pra buscarmos as máximas de 170,00 cents/lb, 185 cents/lb e até 200,00 cents/lb”, afirma.

Mercado interno

Apesar das valorizações externas, os negócios no Brasil seguem isolados com os produtores à espera de patamares ainda mais altos nos próximos meses. Os preços nas praças de comercialização do Brasil até têm acompanhado as valorizações externas, mas os negócios não ganham liquidez. Eles até saem todo dia, mas com o produtor que “precisa fazer dinheiro”. Já os cafeicultores mais capitalizados estão fora do mercado e aguardam por patamares melhores.

O tipo cereja descascado fechou o dia com maior valor de negociação em Poços de Caldas (MG) com R$ 580,00 a saca e alta de 2,84%. Foi a maior oscilação no dia dentre as praças.

O tipo 4/5 teve maior valor de negociação em Guaxupé (MG) com R$ 550,00 a saca e alta de 2,42%. A maior no dia.

O tipo 6 duro registrou maior valor de negociação na cidade de Araguari (MG) com R$ 550,00 a saca e alta de 5,77%. A maior oscilação no dia dentre as praças.

Na segunda-feira (24), o Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6, bebida dura para melhor, teve a saca de 60 kg cotada a R$ 512,09 com valorização de 0,49%.

Bolsa de Londres

A Bolsa de Londres (ICE Futures Europe), antiga Liffe, para o café robusta também registrou alta expressiva nesta terça-feira. O contrato novembro/16 anotou US$ 2153,00 por tonelada com avanço de US$ 21, o janeiro/17 teve US$ 2178,00 por tonelada com valorização de US$ 17 e o março/17 anotou US$ 2176,00 por tonelada com US$ 15 positivos.

Na segunda-feira (24), o Indicador CEPEA/ESALQ do café conillon tipo 6, peneira 13 acima, teve a saca de 60 kg cotada a R$ 526,07 com avanço de 0,60%.

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